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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Carta Maio[Saul Leblon]: Mídia e crise: os conselheiros da servidão

Mídia e crise: os conselheiros da servidão

Carta Maior

A sociedade grega vive uma das escolhas mais difíceis da história:agarrar-se às migalhas da servidão ou lutar contra ela com o risco de perder? De um lado o abismo conhecido, de outro o escuro sem nome. Seu povo foi levado ao corredor da morte pela endogamia entre uma elite dissociada dos interesses da população e uma matilha de espoliadores financeiros que reduziu o país a um simulacro de Nação soberana.

O PIB da Grécia despenca desde 2008; deve fechar em 2012 1/5 menor que o nível pré-crise. Os aposentados foram 'convidados' a viver com pensões entre 20% a 30% menores;o salário mínimo foi cortado em 20% e o desemprego lambe a borda dos 25%. Todo o país está sendo extirpado nessa proporção.

Macrodados não conseguem traduzir o que se passa nas vísceras de uma agonia quando ela atinge esse padrão. São os detalhes que exprimem a brutalidade quando as taxas de suicídio dão um salto de 40%. O orçamento grego da educação sofreu um corte de 60% este ano. Nenhum organismo subsiste ceifado em 60% do seu todo: nem a merenda foi poupada do arrocho imposto pelos credores. Das periferias mais pobres chegam relatos de desfalecimentos em sala de aula: fome.

A tragédia miúda funciona como uma endoscopia das consequências sociais e éticas de se preservar a riqueza financeira quando o mecanismo que a sustenta colapsou nos seus próprios termos. A riqueza financeira é o grande cadáver desta crise que resiste insepulto. Exercer seu direito de saque sobre a riqueza material da sociedade implica a partir de agora cortar a merenda das crianças que desmaiam de fome nas periferias da Grécia. É preciso desinflar o poder leonino da banca mas não será o mercado a fazê-lo. Talvez as urnas; quem sabe as ruas. Sempre a política.Nunca as leis da autossuficiência mercadista.

A camada de gelo fino trinca na primavera sombria da Europa.Mas é o lago todo que se revolve por baixo. As engrenagens vitais do mecanismo econômico colapsaram; em vez de emprestar à produção e ao consumo os bancos mantém mais de 600 bilhões de euros no BCE depois de receberem dele um socorro de liquidez de valor equivalente. A cobra come o próprio rabo. Continue lendo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente!
A Grécia precisa de um Néstor Kirchner para provocar as mudanças necessárias e, como bem disse o texto, arcar com suas respectivas consequências, pois só assim se reerguerá.