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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Novojornal: "Cidade Administrativa". A fraude que custou o "Mineirão"

Novojornal: "Cidade Administrativa". A fraude que custou o "Mineirão"

Governo de Minas utiliza patrimônio público para celebrar acordo com empreiteira lesada em fraude na licitação das obras da Cidade Administrativa

Um ruidoso acordo celebrado a portas fechadas em 2010, entre o Governo de Minas Gerais e a empreiteira paulista Construcap evitou que o Superior Tribuna de Justiça (STJ) anulasse, por irregularidades, a licitação das obras de construção da Cidade Administrativa, nova sede do Governo de Minas Gerais. Em troca, Construcap ganhou a PPP do Mineirão.

Novojornal vem desde a celebração da PPP do Mineirão denunciando as diversas irregularidades ocorridas no procedimento e na execução das obras, que culminaram com a determinação do Ministério Público Federal para que o Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES) não liberasse novos recursos do financiamento da obra devido às irregularidades cometidas, existindo ainda uma Ação Civil Pública ajuizada em função das ilegalidades apuradas.

“Cidade Administrativa”, uma obra questionável nos aspectos legal, moral e estrutural, construída como vitrine promocional de  projeto político eleitoral, poderá até o final de Janeiro transforma-se em mais um questionamento sobre a maneira pouco ortodoxa que Aécio Neves e seu sucessor Antonio Anastasia vem adotando para governar Minas Gerais.

Novojornal recebeu na segunda quinzena de dezembro de 2012, pelo correio, uma caixa Box contendo, dentre outros, o “Relatório Codemig” acompanhado de diversas provas, relatando como funcionou o esquema montado nos últimos 10 anos na Codemig, administrado por Oswaldo Borges da Costa.

Um dos capítulos do extenso “Relatório Codemig” descreve o ocorrido nas negociações realizadas em busca da desistência do Recurso Especial ajuizado perante o STJ pela empresa Construcap, líder de um consórcio prejudicado na licitação realizada pela Codemig para construção da Cidade Administrativa. Em troca, Construcap teria recebido o Mineirão, através de uma PPP.

Parte das denúncias já são objeto de apuração pela Promotoria de Patrimônio Público, através do Inquérito Civil Público nº 0024.07000.185-4. Inicialmente presidido pela Promotora Dra. Elisabeth Cristina dos Reis Villela, atualmente presidido pela Promotora Dra. Raquel Pacheco, desde 2009. Quando ainda presidido por Dra. Elisabeth, requisitou-se diversos documentos e informações da Seplag- Secretaria de Estado de Planejamento de Minas Gerais, que se negou a responder.

Em 24 de Julho de 2008, atendendo igual solicitação do Ministério Público, através do oficio nº 2866, do PI 207/07, hoje Inquérito Civil Público nº 0024.07000.185-4, o Consórcio Construcap,Convap e Fereira Gueder encaminhou cópia de inteiro teor das propostas apresentadas na concorrência nº 05/2007, para construção da Cidade Administrativa.

Desde 2002 era de conhecimento da classe empresarial e política mineira, embora pouco noticiada pela imprensa, que Aécio Neves montara, através da Codemig, com recursos da arrecadação dos direitos minerais, (principalmente da jazida de Nióbio de Araxa), um governo paralelo que passou a gastar sua receita de maneira isolada, extra-orçamento.

Enquanto o Estado de Minas Gerais descumpre, desde 2002, sua responsabilidade na área dos serviços essenciais como saúde, educação, segurança pública e saneamento sob a alegação de falta de recursos, constata-se que os mesmos não faltaram para o projeto político de Aécio Neves e aos interesses de seus “companheiros”.

O relatório demonstra que a Codemig utilizou durante os últimos 10 anos sua receita de maneira isolada sem respeitar e priorizar as funções do Estado, transformando-se em caixa 2  para financiar campanha política, além de diversas sociedades em parcerias com empresas privados pertencentes a empresários financiadores do projeto político do senador Aécio Neves.
O relatório faz profunda analise crítica da maneira pouco ortodoxa de administrar o Estado de Minas Gerais, implantado através do noticiado “choque de gestão”:

“Enquanto toda maquina fazendária preocupa-se em como arrecadar recursos, o presidente da Codemig preocupa-se apenas em como gastar seus recursos”.

O mesmo documento comprova que esta anomalia só pode existir devido à conivência da base parlamentar do governo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e pela mordaça do Ministério Público Estadual, imposta pela alta direção da Procuradoria Geral de Justiça.

Esta anômala situação possibilitou que a Codemig, além de causar comprovados danos as finanças do Estado, construísse enorme passivo judicial que no caso da licitação das obras da Cidade Administrativa acabou pago com patrimônio público, o “Mineirão”, para livrar o presidente Oswaldo Borges da Costa de pesada condenação.

Oswaldinho, como é conhecido, dono de conhecida arrogância, segundo seus contemporâneos, fruto de uma vida glamorosa, considerado o “dandy” do socialite mineiro, vem comandando a Codemig como se fosse uma empresa particular, onde sua vontade é imposta através de Poder imperial. Todos, empresários, políticos e funcionários tremem de pensar em contrariá-lo.

Fazendo jus a sua fama, Oswaldo Borges da Costa, na condução da licitação para construção da Cidade Administrativa, “decidiu” descumprir uma ordem judicial que determinara fosse aberta a proposta do consórcio de empreiteiras tendo como líder a Construcap, empresa paulista que resolvera desobedecer ao “acordo” celebrado por “Oswaldinho” com o sindicato das empreitaras mineiras.

Obra inicialmente orçada em R$ 500 milhões, pouco antes de sua inauguração já ultrapassava R$ 1,2 bilhões e agora, dois anos depois, segundo último levantamento realizado, incluindo moveis, infra-estrutura e outros equipamentos, já ultrapassaram R$ 3 bilhões.

Através de enorme campanha publicitária nacional paga pela Codemig pouco antes de Aécio Neves sair do governo de Minas, a imprensa nacional noticiava:

“A nova marca do governador mineiro Aécio Neves é um palácio flutuante de Niemeyer num centro administrativo de R$ 1,2 bilhão.

Em dezembro, a um ano do fim de seu segundo mandato, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), deverá inaugurar a maior, mais cara e mais ousada edificação da história de Minas: um majestoso palácio governamental suspenso dentro de um complexo estatal que reunirá, em mais dois megaedifícios, as 18 secretarias de Estado e outros 33 órgãos da administração. Tudo projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, de 101 anos.

Estimado originalmente em R$ 500 milhões pelo governador, as obras da Cidade Administrativa de Minas Gerais já estão orçadas em R$ 1,2 bilhão. Daria para fazer quatro hospitais como o Instituto do Câncer de São Paulo (antigo Instituto da Mulher), considerado o maior dessa especialização na América Latina, com 474 leitos. E ainda sobrariam R$ 120 milhões.

Além do preço, a Cidade Administrativa impressiona pelo tamanho, pela arquitetura e pela velocidade com que está sendo erguida. A área total do complexo é de 804 mil metros quadrados, o equivalente a 97 campos de futebol como o do Maracanã. Quando estiver em pleno funcionamento, no fim de 2010, deverá abrigar 20 mil funcionários e receber, diariamente, cerca de 10 mil visitantes. Se fosse uma cidade real com essa população, seria maior que 82% dos municípios brasileiros.

Assim que tudo estiver pronto, no segundo semestre de 2010, os mineiros poderão pleitear uma citação no livro dos recordes para o palácio do governador. O prédio, segundo o escritório de Niemeyer, terá o maior vão livre em concreto suspenso da história da arquitetura: 147,5 metros de comprimento, o dobro do vão-livre do Masp, em São Paulo. Apesar da crise, o canteiro de obras está a pleno vapor.

Com 4.800 operários trabalhando simultaneamente, a construção atingiu seu pico de atividade em maio. Os engenheiros gostam de repetir que se trata da “maior edificação em andamento em toda a América Latina”.  Fonte: G1.

Porém, por traz desta suntuosa e comemorada obra, existiam irregularidades que vão de super faturamento, erro de projeto e construção, pondo em rico os prédios, a fraude licitatória denunciada e questionada judicialmente no TJMG e administrativamente no TCEMG e no MPMG pela empresa prejudicada, Construcap.

Fruto deste litígio encontrava-se pendente de julgamento perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ) o Recurso Especial interposto contra decisão do TJMG, que modificara a decisão do juiz de 1ª instancia desrespeitada por Oswaldo Borges da Costa na condução da licitação da Cidade Administrativa. 
A empresa prejudicada já havia conseguido uma enorme vitória perante o STJ ao obter efeito suspensivo, ou seja, até julgamento final do recurso especial conseguira:

“a suspensão dos efeitos do ato de inabilitação para a concorrência edital 05/2007, assegurando-se sua permanência no certame em todas as fases subseqüentes e para todos os fins, inclusive o de ter a sua proposta financeira aberta, registrada e julgada em cotejo com as demais”.

Caso o STJ confirmar-se em julgamento, o entendimento que possibilitou o “efeito suspensivo” concedido, anular-se-ia a licitação da obra que já estava concluída, e Oswaldo Borges da Costa seria culpado pelas irregularidades cometidas no procedimento licitatório de cartas marcadas, dentro da mais completa ilegalidade. Fatalmente por ser a obra do Centro Administrativo, o fato transformar-se-ia em um enorme escândalo.

Durante todo este período, mantiveram-se paralisadas no Tribunal de Contas, onde o Governo de Minas tem total controle, as investigações abertas em função da denúncia apresentada por Construcap, porque embora controlada pelo Palácio da Liberdade, a instituição não poderia decidir sobre matéria pendente de análise pelo judiciário.

Embora a empreiteira Construcap, consultada por Novojornal, negue, o “Relatório Codemig”, fundamentado em documentos e informações de integrantes da Advocacia Geral do Estado de Minas Gerais, comprova que diante deste quadro entrou em cena, perante o STJ, representantes do Governo de Minas Gerais em busca da retirada da matéria de pauta de julgamento já marcado, até que um acordo fosse celebrado. A movimentação do processo confirma este fato.

A mesma fonte informa que, ciente da delicada situação que se encontrava o Governo de Minas, principalmente diante da exigência de Aécio Neves para que fosse feito um acordo para evitar o escândalo e condenação de Oswaldo Borges da Costa, Construcap exigiu para desistir do “Recurso Especial” uma obra no mesmo valor do lote que disputara na construção da Cidade Administrativa, pois o valor de sua proposta, se aberta, seria vencedora, seu preço era muito menor que o preço da empreitara vencedora.

É assustador o fato, porém, como se dispusessem do patrimônio público para atender a exigência privada foi entregue a Construcap, através do consórcio Minas Arena, o “Mineirão”, transformando-se de obra de reforma em PPP. Minas Arena irá explorar o estádio por 25 anos. Relatos de integrantes da Ademg confirmam que a mudança do modelo para PPP ocorreu para possibilitar que o consórcio explorasse comercialmente o Mineirão.

Comprovando a versão de que em Minas utiliza-se o patrimônio público para atender necessidades privadas independe da sigla partidária, segundo a mesma fonte. “Outro fato que pesou na escolha do modelo PPP foi que as empresas integrantes do consórcio liderado por Construcap são financiadoras e integrantes atuantes do projeto político do ministro Fernando Pimentel, o que facilitou o financiamento da obra perante o BNDES”.

Mais uma vez, como ocorrido em relação às obras da Cidade Administrativa, novo acordo teria sido celebrado, desta vez afastando a possibilidade de qualquer empreitara participar da licitação da PPP do Mineirão, contrariando a finalidade de sua construção, transformando-o de estádio de futebol em casa de espetáculos e Shopping Center.

Comprovando o denunciado, ao contrário da pesada disputa que ocorrera nos demais estádios onde ocorrerão jogos da Copa de 2014, na licitação para escolha da empresa que celebraria a PPP, nenhuma empresa apresentou proposta, participando apenas o consórcio liderado pela Construcap, denominado Minas Arena. Em data posterior a desistência do Recurso Especial apresentado por Constrcap perante o STJ, foi homologada a adjudicação para o consórcio, denominado Minas Arena.

Como acreditar que após quatro anos de luta na justiça, além do prejuízo tomado por ter sido excluído de uma obra que acabou faturando R$ 3 bilhões e do pesado investimento nos melhores e mais caros advogados que atuaram em 1ª e 2ª instância no TJMG, no MPMG e no TCEMG e posteriormente no STJ onde obter vitória, a Construcap desistiu gratuitamente do recurso.
Logo após a decisão do STJ, o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais por unanimidade decidiu pelo arquivamento do procedimento investigatório. O MPMG continua a investigar o fato através do Inquérito Civil Público nº 0024.07000.185-4.

O Estado de Minas Gerais, embora tenha gasto dinheiro público para defender-se das acusações de Construcap, jamais cobrou o valor gasto.
Porém, para aqueles que imaginam que o esquema montado contra o patrimônio público através do Poder Judiciário para obter ganhos espúrios saiu vitorioso, cabe informar que os fatos denunciados por Construcap são crimes de Ordem Pública, desta forma sua apuração e penalização independe da vontade do denunciante.

Uma vez que já existe manifestação do STJ reconhecendo as irregularidades denunciadas, obriga, de-ofício, que o Ministério Publico, nas investigações já em andamento, analise as práticas com a  possível responsabilização dos envolvidos através do ajuizamento da ação competente. “Se o MP não agir, não descartamos o ajuizamento de Ação Popular”, afirma o dirigente da associação.

Em relação à Construcap, existe a possibilidade de responder por denunciação caluniosa

Art. 339 do Código Penal. “ Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº. 10.028, de 2000) Pena, reclusão, de dois a oito anos, e multa

Além de litigância de má fé, que ocorre nos casos em que se verifica ato propositalmente contra o Direito ou as finalidades do processo, pagar-se-á, além de penalidade pecuniária, o reembolsar os cofres públicos o valor gasto no litígio. Se comprovado o crime e a ilegalidade noticiada, Construcap ficará impedida de negociar com o Estado, desta forma será anulado a PPP celebrada.

Diante de fatos noticiados, sem dúvida alguma e na melhor das hipóteses chega-se a conclusão que no mínimo Minas Gerais esteve governada nos últimos 10 anos por pessoas despreparadas para exercer suas funções. Origem. Acesse e veja os documentos que lastrearam a matéria.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Chávez foi reeleito. A vontade do povo é que tem de prevalecer. O resto é secundário

Chávez foi reeleito. A vontade do povo é que tem de prevalecer. O resto é secundário

No entanto, agindo como abutres, as oligarquias articulam um golpe atípico e falam em guerra civil
Pedro Porfírio

Tudo pode acontecer nos próximos dias na Venezuela, mas desde já registro como mesquinha, antidemocrática e suicida a manobra da oposição, tentando aproveitar o estado de saúde precário do presidente Hugo Chávez para dar um golpe e tornar sem efeito o resultado das eleições presidenciais de outubro.

Até mesmo este reotorno rápido a Caracas, no dia 14 de dezembro,
levou um blogueiro de oposição a dizer que era uma"armação".
Quando digo tudo pode acontecer não descarto nem uma cena dramática: Chávez poderia aparecer dia 10 em Caracas, prestar o juramento para o novo mandato e licenciar-se em seguida.

Levanto essa hipótese pelo que conheço de sua personalidade heróica, pelo câncer, pela medicina cubana e pelo ambiente de ansiedade e consternação que envolve 90% dos venezuelanos, inclusive muitos que não votaram nele.
Em nenhum momento, ninguém, absolutamente ninguém, pôs em dúvida a lisura do pleito que consagrou a continuidade de Chávez.

Mais do que isso, quando ele já estava na fase mais grave do seu tratamento, seus partidários confirmaram o engajamento do povo venezuelano no projeto socialista de Chávez ao vencerem as eleições do último dia 16 para governadores em 20 dos 23 estados, inclusive em Zúlia,  o mais populoso e mais rico do país, até então governado por oposicionistas. Continue lendo.

Correio do Brasil: Pluralidade dos meios de comunicação: urgência para a consolidação da jovem democracia brasileira

Correio da Manhã: Pluralidade dos meios de comunicação: urgência para a consolidação da jovem democracia brasileira

6/1/2013 14:03
Por Marilza de Melo Foucher - de Paris


A evolução da imprensa escrita, como vetor de informação para o grande público, será muito lenta, ela vai surgir num ambiente de censura e de controle de informação. Esta incrível fabrica de informação terá como marca registrada a liberação da palavra pública, por esta razão, ela será sempre associada aos principio democráticos.

A democracia surge para colocar o cidadão no centro do sistema político. Nesse sentido, a imprensa joga um papel fundamental na difusão das correntes de pensamentos e opinião, contribuindo, assim, para a livre confrontação de idéias. O aumento geral do nível de conhecimento nas democracias modernas foi vetor da promoção do pensamento crítico. O pluralismo contribui também para suscitar interrogações e ceticismo.

O avanço das tecnologias tem acrescentar na diversificação dos meios de comunicação. Tanto a imprensa escrita como a evolução de outros meios de comunicação representam a grande utopia de que podemos ser livre para pensar e opinar sobre a realidade. Ao dispor também do pluralismo, os indivíduos passam a usufruir de uma real liberdade na escolha dos meios de comunicação. Continue lendo.

QUEM NÃO TEM CÃO CAÇA COM GATO

QUEM NÃO TEM CÃO CAÇA COM GATO

Ou de como a carruagem foi se transformando em abóbora

            Max Antônio Amaral

Ao final do clássico e com o vice-campeonato matematicamente confirmado confesso que comemorei como fosse um título.
Não, não foi festa de quem está no jejum há muito tempo. A explicação é muito simples.
O vice-campeonato significava e significa a participação definitiva e direta do Atlético no principal torneio do continente. E mais: com tempo de se preparar e fazer uma pré-temporada condizente com as exigências do torneio.
Ingenuamente acreditava que o Atlético iria se reforçar pontual e estrategicamente para disputar a próxima Libertadores.
Achava que a experiência acumulada pelo diretor Eduardo Maluf no rival e a ambição do presidente que, no meu entendimento, deveria estar sonhando em ser o primeiro presidente do Atlético a colocar no peito as faixas de campeão da Libertadores e do mundo, norteariam o planejamento e as contratações do clube para a próxima temporada.
Mas não, tudo não passou de um sonho. Mal 2013 se inicia e o sonho já se converteu em uma grande frustração.
Hoje vejo com clareza que eu estava redondamente enganado. Inexplicavelmente o Atlético, além de não se reforçar como devia, inicia a temporada 2013 praticamente com o mesmo elenco e com os mesmos problemas de composição e, portanto, com as mesmas deficiências e com os mesmos problemas que inviabilizaram a conquista do título brasileiro de 2012.
Por exemplo: o buraco tático aberto com a saída mal explicada e mal administrada de Danilinho remanesce. Assim, os riscos de que Guilherme uma vez mais seja submetido àquele imoral, cruel e absurdo sacrifício tático que o treinador lhe impusera no ano passado, são mais do que reais. Diria eu que até são óbvios.
O que Guilherme poderá esperar da torcida alvinegra diante de possíveis novos maus desempenhos em função de mais sacrifícios táticos que certamente Cuca lhe imporá nesta temporada? A resposta é simples: mais incompreensão, mais intolerância, mais desgaste, mais críticas injustas, mais vaias.
E o que dizer das caras novas anunciadas até agora?
Gilberto Silva é um excepcional jogador. O fato complicador é a idade avançada. Não tenho nenhuma duvida de que ele será utilizado de forma estratégica e tática. Mas, por certo, não veio para ser titular absoluto. De qualquer maneira, seja bem vindo.
Rosinei é uma incógnita. Se bem me lembro, ele é um volante que sai para o jogo. Um Serginho melhorado. Ouvi dizer que ele teria sido contratado para ocupar o espaço deixado por Danilinho. Para jogar em sua posição e cumprindo funções de acordo com as suas características Rosinei é muito bem vindo. Mas, para ser a solução definitiva do time na armação pelo lado direito acho isso uma temeridade. Além disso, o seu histórico recente de contusões deixa muito suspense quanto ao que ele poderá mostrar no Atlético.
Luan é jovem demais, inexperiente e, além de tudo isso, está contundido e a sua recuperação irá certamente comprometer a sua pré-temporada.
Alecsandro tem, em princípio, tudo para ser titular. Apesar de ser apenas um bom atacante, sem nenhum brilho especial, é melhor do que Jô, o que, aliás, não é vantagem, é obrigação de qualquer atacante que queira jogar no Atlético.
A Libertadores exige um perfil de jogadores do qual o elenco atual do Atlético é absolutamente carente.
Preocupa-me bastante o lado emocional, psicológico e o equilíbrio do time. A campanha bizarra do segundo turno do brasileirão 2012 me deixa com muitas pulgas atrás das minhas orelhas.
Aliás, não só a equipe se mostrou oscilante durante todo o segundo turno, como Cuca também usou e abusou do direito de errar. O comando central errou feio ao não identificar e corrigir os desvios de rota que se verificaram um sem numero de vezes e que arrasaram a equipe especialmente no segundo turno da competição.
É bom lembrar que os problemas que pipocaram durante o segundo turno já se pré-anunciavam há algum tempo e demandavam ações corretivas que, infelizmente, jamais foram desenvolvidas por quem de direito.
Não fosse a incrível gordura acumulada no primeiro turno, talvez não tivéssemos conseguido nos classificar nem para a fase de pré-libertadores.
O empréstimo inexplicável, absurdo, temerário e absolutamente fora de hora de André para o Santos, talvez em um inoportuno acerto de caixa, a saída intempestiva de Danilinho, o sacrifício tático de Guilherme, a não utilização de Juninho, de Leleu e de Paulo Henrique, a ortodoxia tática, a insistência com os chutões para que Jô funcionasse como pivô (jogada manjada e facilmente marcada por todos os nossos adversários com o passar dos jogos) e o mau planejamento na formação do elenco que provocou deficiências de banco, ao contrario do que “vendia” uma propaganda maldosamente dirigida por determinados segmentos da mídia para iludir a massa, foram alguns, dentre outros, dos principais problemas do Atlético que sopitaram fundamentalmente no segundo turno do brasileirão, fazendo com que entregássemos o título de bandeja para o Fluminense e por pouco cedêssemos a outros clubes a nossa vaga na Libertadores.
Ao não reforçar o elenco e o time como era de se esperar, o comando alvinegro revela falha imperdoável de diagnóstico, imaginando que o simples fato de manter a base já seja suficiente para garantir sucesso nas empreitadas que o Atlético tem pela frente.
É bom lembrar que neste ano (2013) o Atlético deverá disputar além da Libertadores o campeonato mineiro, o campeonato brasileiro e a Copa do Brasil. Se vencermos a Libertadores o que é muito difícil, mas não impossível, também entrará na nossa agenda o Mundial Interclubes.
O calendário é complicado e prevê acúmulo de jogos e, portanto, exige um elenco reforçado e robusto, com um leque de opções elástico e eclético. Ou seja, com um elenco que o Atlético de hoje está longe de possuir.
De tudo isso, e a bem da verdade e da justiça, é preciso reconhecer que a realidade está a exigir do Atlético planejamento, estrutura, projeto, ousadia e visão, muito acima da capacidade de resposta de um clube que esteve submerso em um violento processo de definhamento nas últimas cinco décadas no mínimo.
É que não se passa de uma fase para outra em um simples estalar de dedos.
É preciso uma mudança ampla e geral de conceitos, de cultura, de metodologia administrativa e de estrutura. Ou seja, é preciso um projeto consistente que objetive a inserção definitiva do Atlético no primeiro mundo do futebol.
Para se atingir este patamar é preciso que o Atlético rompa de vez as barreiras de Minas e as limitações do mercado publicitário mineiro, maximizando com efetividade as suas receitas.
E isto demanda tempo. Tempo que a torcida não concede e jamais concederá.
Durante muito tempo o Atlético vem confundindo pensar com os pés no chão com pensar pequeno. Durante este mesmo tempo o Atlético vem confundindo também despesa com investimento. Ambos exigem gastos, apenas o segundo gera retorno, se bem planejado.
Inegavelmente o desafio do presidente e de quem quer que esteja à frente do clube é imenso.
O Atlético tem um fator propulsor tremendamente importante e amplamente favorável à construção e a alavancagem deste projeto: a fortuita contratação de Ronaldinho Gaúcho e a feliz renovação de seu contrato. Este é o fermento do bolo que, se bem preparado, bem que poderia comportar não apenas uma cereja, mas varias outras.
R49 é fabrica de dinheiro e arma de marketing extraordinária. O recente lançamento de seu filme na Índia mostra isso à exaustão.
Se bem utilizado e com planejamento adequado pode render frutos impressionantes para o clube. Com a sua contratação o Atlético caminhou dez anos em um e não pode se permitir qualquer tipo de retrocesso.
Ainda há tempo de se trazer a tal cereja para o nosso bolo. Mas, para isso, é preciso ousadia, sacrifício e atitude.
Tardelli não esconde que quer voltar. Existem outros clubes brasileiros interessados e que já estão se movimentando para contratá-lo.
É preciso ter em mente que Tardelli, antes de qualquer coisa, é profissional e não é obrigado a jogar no Atlético de graça.
Além disso, qualquer outro clube, sem exceção tem o direito de tentar contratá-lo e de lhe fazer propostas. Não se pode exigir que o atleta e o seu empresário não ouçam outras propostas.
O presidente, se ainda quiser contratá-lo, tem que ir até a fonte, ou seja, conversar diretamente com o dirigente máximo do clube árabe detentor dos direitos do craque. QUEM QUER VAI, QUEM NÃO QUER MANDA.
Quem chega à fonte primeiro bebe água limpa e se livra dos incômodos leiloes.
Que é uma contratação difícil ninguém duvida, mas não é impossível. E vale qualquer sacrifício.
O mesmo se aplica a Robinho.
Particularmente, tenho a forte sensação de que, desta vez, o Atlético não se movimentou para efetuar qualquer contratação de vulto, não quer e, muito provavelmente, não irá fazê-lo.
Via de regra, o atual presidente, apaixonado e destemido à sua maneira, quando quer vai. Desta vez, não. Se até agora nenhuma contratação de peso foi feita é porque não se andou de fato nesta direção. Uma pena.
Talvez os compromissos assumidos para honrar o contrato com Ronaldinho tenham intimidado o presidente.
É bom lembrar que a contratação de Alexandre Pato pelo Corinthians tem o dedo dos parceiros da equipe paulista e que uma transação deste porte já vem sendo imaginada e planejada há algum tempo. Não é coisa definida de um dia para o outro.
A Libertadores, entretanto, já está aí e o tempo é mais do que curto. Independentemente da chegada da tal cereja, resta ao Atlético agora fazer dos seus limões uma limonada tragável e suculenta.
Assim, entendo que dentre os jogadores que estavam emprestados Nikão, Eron e Geovani Augusto, amadurecidos e respaldados pelas excelentes campanhas que realizaram nas equipes onde estavam jogando e Mancini, em função da experiência, devem ser naturalmente reintegrados.
Com todo respeito a esta rapaziada, quem não tem cão, caça com gato.
E como disse acima, se der para trazer um dragão, Tardelli ou Robinho, todo sacrifício vale a pena.
Saudações atleticanas.