Não se sabe qual o meio, ou a melhor maneira, o que não dá é para se ver um massacre midiático, sórdido e mentiroso, diariamente, e o Poder Central não reagir, ou não reagir à altura.
Carta Maior [Saul Leblon]-> A crise se agrava: a hora do Brasil e a da mídia
Urge rediscutir as bases desenvolvimento brasileiro e isso não se faz com um sistema emissor que interdita o debate e veta soluções.
por: Saul Leblon
Os interesses entrincheirados no bunker conservador urram, salivam e rosnam. Mas chegou a hora.
A hora do Brasil e a da mídia.
São ponteiros indissociáveis de um mesmo relógio histórico.
A crise mundial se espraia e se agrava.
A guerra do petróleo entre economias desesperadas é o novo front da desordem neoliberal.
Bombardeia-se o inimigo com volumes adicionais de óleo despejados no mercado.
O empoçamento da oferta diante de uma demanda exaurida por sete anos de crise sistêmica da ordem capitalista derruba as cotações.
Do petróleo e de tudo o que estiver pela frente.
Economias exportadoras de matérias-primas se comprimem e se dilaceram.
Ganha a guerra quem resistir ao preço mais baixo: Opep, xisto norte-americano, petróleo russo, barril bolivariano, pré-sal brasileiro...
Quem sobreviverá?
Ninguém sabe. Há interações econômicas e políticas específicas dentro de cada barril.
A estrutura de preço reflete estágios tecnológicos, escalas de reservas, mas também estruturas de poder e conflitos de interesse.
No Brasil, o barril do pré-sal embute a eficiência tecnológica da Petrobras, de um lado.
De outro, espelha a ordem unida de um conservadorismo determinado a usar o pé de cabra do combate à corrupção para implodir a regulação soberana dessas reservas.
Os black-blocs anti-estatal agem como se não houvesse amanhã.
A ordem é queimar tudo.
O país precisa rediscutir as bases do seu desenvolvimento, para que a sociedade possa repactuar o passo seguinte de sua história e preservar seus trunfos da sanha demolidora e cega.
Isso não se faz com um sistema emissor que interdita o debate e veta antecipadamente as ideias, lideranças e políticas que afrontam os interesses por ele representados.
A crispação do discernimento social, fomentada pela infusão cotidiana de intolerância e incerteza, semeia o fatalismo e a rendição. Embota consciência crítica. Ofusca o esclarecimento argumentativo.
Insufla a prostração da sociedade na construção do seu destino.
O conjunto enrijece a encruzilhada econômica brasileira.
O dispositivo midiático chantageia e entorpece ao mesmo tempo e com igual intensidade.
Desenha o dragão do caos e vende a fraude de que as tesouras criteriosas de Joaquim Levy cuidarão de domá-lo.
O piloto proficiente cuidará de aliviar a carga da aeronave brasileira, garantindo a travessia da turbulência sem renunciar à rota feita de ajuste fiscal, juros siderais, fim dos incentivos anticíclicos, do crédito subsidiado etc etc etc.
Em caso de despressurização, mantenham-se calmos, com os cintos afivelados.
Máscaras de oxigênio não cairão a sua frente...
Boa viagem!
Antes que os contatos com a torre sejam interrompidos, é recomendável avaliar o custo/benefício dos mapas de voo em litígio num mundo em conflagrada gincana para o imponderável.
É nessa intersecção da disputa política e econômica que avulta a importância inexcedível das relações entre mídia e democracia, mídia e oligopólio, mídia e soberania, mídia e repactuação do desenvolvimento brasileiro.
São temas que se entrelaçam e se reconfiguram.
O Brasil não atravessará o Rubicão que se avizinha sem perdas e danos.
Terá que eleger prioridades, prazos, salvaguardas, concessões e metas a preservar.
Quem decidirá a rota e ajustará o percurso a cada solavanco?
Uma ampla repactuação democrática do modelo de desenvolvimento?
Ou as oficinas Levy e Associados?
A opção democrática, à altura da crise em curso, inclui como requisito o arejamento regulatório do ambiente midiático.
A urgente reordenação desse poder que rejeita qualquer contrapeso – ao contrário de todos os demais -- assenta-se em uma premissa adicionada de urgência inquestionável pela crise.
Uma verdadeira democracia não pode existir sem diversidade e pluralidade de informação.
O país não avançará nas transformações econômicas e sociais requeridas pela desordem neoliberal se não capacitar o discernimento político, entre outros, de mais de 60 milhões de homens e mulheres que saíram da pobreza ou ascenderam na pirâmide da renda e agora aspiram à plena cidadania.
A preservação do atual poder de veto que a emissão conservadora acumulou ao longo da história tornou-se um dos mais sérios gargalos ao passo seguinte do desenvolvimento brasileiro.
Leia tudo.
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