Carta Capital: Os metalúrgicos reagem aos ajustes econômicos
Os trabalhadores do ABC se destacam em meio aos protestos sindicais
por Miguel Martins
Na quarta-feira 28, os trabalhadores paulistas foram às ruas contra o ajuste fiscal do governo federal, mas marcharam cada qual com sua turma. Apesar de unidas na crítica às medidas de austeridade, as centrais sindicais divergiram quanto ao tom dos ataques ao “pacote de maldades” do ministro Joaquim Levy. Em um ato unificado na Avenida Paulista, liderado por um caminhão de som a propagar o contraste entre a Força Sindical e a Central Única dos Trabalhadores, o grupo de Paulinho da Força, aliado de Aécio Neves nas eleições do ano passado, não poupou o governo. “Dilma mentiu, a vaca tossiu”, gritavam os integrantes do cordão laranja, ao lembrar a promessa da presidenta durante as eleições de não mexer, “nem que a vaca tussa”, em direitos e benefícios sociais. A Força chegou a invadir o pátio do prédio da Petrobras na Paulista, enquanto lideranças pediam a demissão da atual direção da estatal. Os integrantes da CUT, ligada historicamente ao PT, dispersaram-se. Unificado, o ato terminou dividido.
Os sindicatos vinculados à CUT cindem-se entre a defesa do legado petista e o desconforto com as medidas de austeridade propostas no novo mandato. Em meados do ano passado, sindicalistas foram informados pelo então ministro da Fazenda, Guido Mantega, da necessidade de ajustar benefícios, entre eles o seguro-desemprego, o abono salarial, a pensão por morte e o auxílio-doença. Apesar da sinalização pretérita, o governo propôs as mudanças em dezembro de 2014 sem abrir um canal de diálogo com os trabalhadores, nem mesmo com aqueles historicamente vinculados ao PT.
Uma das propostas mais criticadas pelas entidades é a mudança nas regras para o pedido do seguro-desemprego. Anteriormente, o trabalhador poderia requisitar o benefício após receber seis meses de salários do empregador. Em busca de uma economia de 9 bilhões de reais, os ministérios da Fazenda e do Planejamento querem exigir um período mínimo de 18 meses de trabalho para o profissional recorrer ao seguro-desemprego pela primeira vez. Diante da pressão das centrais, o governo estuda diminuir o período de carência. Além do seguro-desemprego, as mudanças nas pensões também assustam. As novas regras para o cálculo podem resultar em um corte de 50% do benefício, no caso de o cônjuge não possuir filhos.
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