Barra

DESTAQUES ATUAIS: Informativo     Opinião     Miscelânea     Editorial   Colaboradores   Artigos   Compartilhe:   

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Observatório da Imprensa [Luciano Martins Costa]: A deterioração da linguagem jornalística

Como definir uma imprensa quase que totalmente editorializada? ...

OSSOS DO OFÍCIO

Observatório da Imprensa [Luciano Martins Costa]: A deterioração da linguagem jornalística
 

Por Luciano Martins Costa em 24/12/2014 na edição 830
Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 24/12/2014

A uma semana do encerramento deste que foi um dos anos mais intensos do jornalismo no Brasil, é preciso colocar em discussão uma questão que a imprensa evita o quanto pode: a linguagem jornalística dá conta de decifrar adequadamente a realidade?

Analisada contra o cenário deteriorado da mídia brasileira, a pergunta pode parecer impertinente e até mesmo cândida, uma vez que o campo da comunicação institucionalizada se deixou contaminar por outros vícios, que levaram ao fim da ilusão da objetividade e do pressuposto da honestidade intelectual como princípios fundadores da imprensa.

Há muitos outros aspectos a serem contemplados numa análise do que vem a ser o jornalismo nesse contexto, em que uma tecnologia de ruptura se impõe ao mesmo tempo em que a gestão dos principais veículos da mídia tradicional se concentra e verticaliza. Esse movimento do sistema da imprensa para dentro de si mesmo bloqueia a inovação e condiciona as iniciativas a uma doutrina que em tudo é contrária ao espírito de liberdade do jornalismo.

A doutrina conservadora que domina a imprensa no Brasil levanta um muro de contenção para a criatividade, desestimula os espíritos livres e encoraja a mediocridade com melhores oportunidades de carreira. O fato de que os nomes mais lustrosos da mídia nacional, aqueles que mais vezes conquistam o espaço nobre dos noticiários, são justamente os que cumprem com entusiasmo o trabalho sujo da manipulação, é causa de empobrecimento da cultura jornalística. Existem, mas são raros os profissionais que, descolando-se da orientação centralizadora, ganham distinção pelo trabalho independente e de qualidade.

Por que a gestão vertical e centralizada resulta num jornalismo mais pobre, burocrático e em linha direta com a opinião do comando das empresas de comunicação? Porque a atividade jornalística exige que, na origem, o material que vai compor o noticiário e o conjunto de opiniões seja colhido livremente, condicionado apenas pela ética – e seja trabalhado até a edição final sob o crivo das múltiplas possibilidades de interpretação.

Uma reportagem que vem definida desde a pauta não entusiasma o bom repórter e não cumpre sua função: apenas confirma os pressupostos que colocaram o tema na agenda.

Leia tudo.

Nenhum comentário: