Barra

DESTAQUES ATUAIS: Informativo     Opinião     Miscelânea     Editorial   Colaboradores   Artigos   Compartilhe:   

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Caros Amigos: A ameaça nazista que surge dos escombros da crise grega

(Experimente o uso dos marcadores - tags, abaixo de cada post, em vermelho, é mais rápido do que a busca, acima, a esquerda.)

Caros Amigos
A ameaça nazista que surge dos escombros da crise grega
   
Publicado em Quarta, 01 Agosto 2012 13:58 Escrito por Caros Amigos

Aurora Dourada cresce na esteira da crise econômica e social

Por Caio Zinet e Gabriela Moncau
Caros Amigos


“No choque, as pessoas perdem seus antigos pontos de orientação. Elas estão abertas a novas políticas, de direita ou de esquerda”. A frase do filósofo e psicanalista esloveno Slavoj Zizek em seu livro mais recente, “Vivendo no Fim dos Tempos” (Boitempo), se encaixa como uma luva na atual conjuntura da Europa em crise.

A Grécia, primeiro país a experimentar a austeridade imposta pela Troika (Banco Central Europeu, União Europeia e Fundo Monetário Internacional), vivencia ao extremo essa realidade. De um lado a Coligação de Esquerda Radical (Syriza) experimentou um crescimento vertiginoso no seu resultado eleitoral saltando de 4% em 2009 para 27% nas últimas eleições de junho de 2012, quando por apenas 2% não ganhou do direitista Nova Democracia que conseguiu eleger Antonis Samarás como primeiro-ministro.

Na outra ponta, o partido de ultra direita Aurora Dourada (AD) também teve um crescimento espantoso saltando de 0,3% em 2009 para 7% nas últimas eleições. Pela primeira vez o partido conseguiu entrar no parlamento, ocupando 19 cadeiras. Isso sem contar os nacionalistas de direita, Gregos Independentes, que tiveram 7,51% dos votos elegendo 20 deputados, e os também reacionários do LAOS que tiveram 1,57% dos votos.
O crescimento e a força de partidos de direita não é novidade na Europa. São comuns partidos ganharem expressão eleitoral se baseando em uma plataforma xenófoba que culpa os imigrantes pela falta de empregos, defendendo sua expulsão do país e o endurecimento de políticas anti-imigrantes.

Na França, por exemplo, a Frente Nacional de Jean Marie Le Pen e sua filha, Marine Le Pen, obtém expressivos resultados eleitorais desde pelo menos 2002, quando teve 19% dos votos e por pouco não ganhou as eleições daquele ano. No último pleito, que ocorreu esse ano, Marine obteve quase 18% dos votos ficando em terceiro lugar logo atrás de Nicolas Sarkozy e François Hollande.

O que vemos na Grécia, no entanto, parece estar um patamar acima dessas experiências. Para além de palavras e discursos racistas e anti-imigrantes, os membros do Aurora Dourada tem tomado as ruas com práticas violentas. Dia sim, e o outro também, as manchetes dos jornais gregos estampam notícias sobre espancamentos cometidos por grupos de cerca de dez pessoas contra imigrantes (em especial paquistaneses e afegãos).

Na noite do dia da última eleição, em 17 de junho, por exemplo, um imigrante paquistanês foi espancado dentro de uma estação de trem de Atenas. Testemunhas disseram à polícia que 11 homens vestidos de preto, espécie de uniforme do partido, deram socos e pontapés no imigrante e em seguida o esfaquearam. A vítima foi encaminhada para o hospital, e embora tenha sido muito machucada, sobreviveu ao atentado.

Militantes de esquerda também têm sido alvo de ataques. Uma barraca do Partido Comunista Grego (KKE) foi atacada no dia 15 de junho, dois dias antes das eleições num bairro mais afastado do centro de Atenas. Na mesma noite, o mesmo aconteceu com um espaço da Syriza.

O Aurora Dourada nega ser o organizador dos ataques, mas várias lideranças do partido foram identificadas após agredirem pessoas na rua. Além disso, a maioria dos ataques segue um padrão. Um grande grupo, em torno de dez ou mais pessoas, todas vestidas de preto e em sua maioria homens carecas, no período da noite, cercam e espancam um imigrante.

Poucos foram agressores foram presos, e menos pessoas ainda foram condenadas pelos ataques. Uma das razões que explica isso é que se estima que o partido tenha 50% de apoio entre os policiais militares da Grécia.
“Eu já estive em manifestações no Brasil, na av. Paulista, por exemplo, contra o aumento da tarifa do ônibus. Vi muito repressão policial. Mas quando vem uma ordem de cima dizendo para eles pararem, eles param. Aqui não tem essa. Eles atuam por iniciativa própria, porque gostam de combater as pessoas, estão convencidos ideologicamente contra a esquerda, contra os pobres, contra os imigrantes”, afirmou Kriton Iliópulos, tradutor, membro do coletivo Alana e da revista que leva o mesmo nome e que morou no Brasil durante cinco anos. Continue lendo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Num país em recessão como está a Grécia, com tanta pobreza, fome e desemprego, surgem partidos oportunistas como o Aurora Dourada. E eles crescem em meio à crise já instalada, têm caráter nacionalista, e encontram solo fértil numa população pobre, faminta e desorientada. Como eu li já não me lembro aonde, espancam pessoas à noite e distribuem alimentos de dia...