O Editor em 08/11/2014
Vamos
conversar sobre a Morte?
Lá
atrás um amigo e pseudo maconheiro
bradava: Vênus é do Cacique! A palavra não era cacique.
Em
menos de uma semana, uma bobagem na face – uma provável sequela do
AVC de 2012 – me levou a ser entubado. Três dias de coma induzido.
O Doutor
Careca lá
sorridente. Depois o provoquei: Deus da vida e da morte, e ainda,
dormi com você, acordei com você. Disse ele: Deus me livre.
A
verdade é que o retorno se deu na segunda, 4 de agosto, no final da
manhã. Minha mulher e uma filha me tranquilizavam. Mas eu não tinha
a mínima ideia de onde estava. Era o CTI. Naquele resto do dia
fiquei com a percepção alterada. Projeções de imagens numa parede
a 45 graus. Rádio imaginária zoando o tempo todo. Ao fechar os
olhos, não se via preto, mas painéis ora roxo, ora marrom... E o
pior era ver a turma batalhadora dos técnicos de enfermagem com
máscara do tipo do carnaval de Veneza. Uma loucura...
O
pós, em breves palavras, foi assim.
Mas
teve o antes. Em qual momento? Não tenho a menor ideia. Mas pode ter
sido instantes anterior da retirada do tubo. Fui informado que a
redução da sedação deve ter sido de 6 a 8 horas antes.
Me
vi discursando no coreto da Praça da Liberdade. Antes, um letreiro
com a palavra Cérebro, percepção iminente de Morte. Antes ainda,
tecnologia, muita tecnologia. Não lembro como. Ouvia também
Pavarotti. Ainda, imagens psicodélicas e muita mais coisa que a
minha memória já não retém. Depois foram os painéis. A China,
não Azul, mas sim Vermelha. E parece que com uma terminação:
Incorporation.
Depois, o que parecia o
Umbral, alguma coisa verde com dourado. Não me vi em túneis e não
vi ninguém. Falha, erro na memória!
Com
toda aquela paranoia alucinativa do dia tenebroso, passei a
racionalizar. É sabido os eleitos alucinógenos dos sedativos. Não
foi um resumo e nem um flash. Parece ter sido algumas impressões
registradas lá pela adolescência. Somos frutos desses registros.
Concluindo, uma morte
alegórica, operística, dramática e muito doida...
Só
sei que entrei em julho no PA (Pronto Atendimento) e no maior frio.
Voltei em agosto num dia muito quente, na UTI. Como manteúdo de
plano de saúde da primeira filha, me salvei. O IPSEMG, pós Terror de
Neves, me mataria novamente, como tentou fazê-lo em 2012.
A
minha realidade foi essa, mas a realidade real foi bem pior!
Em
12/08/2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário