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quarta-feira, 17 de março de 2021

Colaboradores IV: QUEM PRODUZ A RIQUEZA

 
[Koury nos brinda com um artigo - exclusivo - necessário, pois esclarecedor e ao mesmo tempo didático, para tempos tão difíceis!]

 

QUEM PRODUZ A RIQUEZA

Leonardo Koury Martins*

 

Imagem: Capa do livro de Ricardo Antunes, Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil IV

 

Quem realmente produz riqueza? Não há dúvidas seja pelo acúmulo teórico ou pelas experiências práticas de dois séculos do modo de produção capitalista.

Quem produz a riqueza que vem das fábricas e do campo?

Os operários e operárias que em seus postos de trabalho atuam constantemente. Não é diferente as situações das lojas dos comércios em que as vendedoras e vendedores se desdobram para vender o que está ali exposto. Das lanchonetes das periferias, no serviço público e até mesmo nas empresas de comunicação.

Quem vive de salário é trabalhador, é trabalhadora. Diretores de empresas, chefes de repartição não são patrões. São também funcionários, que vendem sua força de trabalho.

Em resumo, quem trabalha é a classe trabalhadora.

Mas não é ela quem fica com a riqueza. Por quê? A resposta está na diferença entre tudo que se gastou para produzir e o total do que se vendeu. O excedente é o que se chama mais-valia.

Essa diferença fica para os patrões, que enganam o povo trabalhador oferecendo o salário como recompensa pelo trabalho produzido. O salário é apenas parte, e uma parte pequena, da riqueza produzida pelo trabalhador.

Precisamos ter consciência que o dono de uma rede supermercados, o patrão (não estamos falando do gerente este é o trabalhador também) em nenhum momento esteve no caixa, no estoque ou mesmo cultivando legumes e hortaliças.

Enquanto escrevo este singelo texto, meus patrões (a burguesia) voam possivelmente para a Suíça com vistas a aproveitar o inverno europeu. Trabalharam muito? Férias? Não. Apenas contratam quem administra nossas vidas e suas riquezas que foram produzidas por nossas mãos.

A consciência é o momento em que paramos de competir pela vaga do trabalho do outro, de julgar os colegas, de compreender que todas as dores ali têm uma causa. Esta causa a cada dia se torna mais esquecida pela alienação. A alienação é o Alzheimer social que nos deixa a cada momento mais distante de romper com a possibilidade de termos um futuro livre.

Ah! A liberdade.

Para os ricos, nossa liberdade tem o preço de sua morte econômica, mas para nós, a nossa liberdade tem o preço de não mais ter preço. A vida e a liberdade não têm preço.

17/03/2021 - *Leonardo Koury Martins é professor, assistente social e militante na Frente Brasil Popular. Post anterior.


2 comentários:

Liberté, Fraternité, Égalité. disse...

É o ditado: manda quem pode; obedece quem tem juízo.

Leonardo Koury disse...

Sempre é necessário falar sobre a realidade social.